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A Importância da Atividade Física Inclusiva para o Desenvolvimento Infantil

A inclusão em atividades físicas nos primeiros anos do desenvolvimento infantil é uma das pautas mais relevantes na sociedade contemporânea. A atividade física, como parte fundamental da formação das crianças, exerce um papel essencial nesse processo, contribuindo de forma integrada para o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social. Amparada por legislações como a Lei Brasileira de Inclusão (2015) e a Declaração de Salamanca (1994), a promoção de práticas acessíveis e acolhedoras torna-se cada vez mais urgente. Nesse cenário, a atividade física inclusiva destaca-se como um poderoso instrumento de aprendizagem, convivência e transformação desde os primeiros anos de vida.


Educação Física e Desenvolvimento Infantil


O desenvolvimento motor na infância é fortemente impulsionado pelas vivências corporais que a criança experimenta em seu cotidiano. A prática de atividades físicas, especialmente no ambiente escolar, favorece a coordenação motora, a socialização e a autonomia, como apontam os estudos de Camargos (2023). Mais do que movimento, a atividade física representa oportunidade de expressão, descoberta do corpo e construção de identidade.


Além disso, segundo Rezende et al. (2014), o trabalho psicomotor nas aulas de Educação Física, especialmente com crianças com deficiência, influencia positivamente tanto no aspecto físico quanto nas dimensões cognitivas e afetivas. A psicomotricidade, nesse sentido, assume uma função educativa e terapêutica, ao integrar corpo e mente em experiências significativas.


Atividade Física como Prática Inclusiva


A inclusão de crianças com deficiência nas aulas de Educação Física exige mais do que boa vontade. Como destaca Castro (2019) em sua dissertação, são necessárias adaptações estruturais, capacitação docente e suporte institucional. O simples fato de matricular alunos com deficiência em turmas regulares não garante sua participação efetiva. É preciso planejar, adaptar conteúdos e metodologias, respeitando as individualidades.


Exemplos de práticas inclusivas bem-sucedidas já são encontrados em diversas escolas. O uso do voleibol sentado, por exemplo, citado por Lima et al. (2023), apresenta-se como alternativa viável e eficiente, por ser de fácil execução, ter baixo custo e promover a interação entre alunos com e sem deficiência. Já o jiu-jítsu, abordado por Leitão et al. (2024), mostra-se eficiente como intervenção pedagógica com crianças autistas, valorizando aspectos como autocontrole, respeito mútuo e autoestima.


Desafios e Estratégias para a Inclusão Escolar


Mesmo com avanços, os desafios persistem. Castro (2019) identifica que muitos professores ainda se sentem despreparados para atuar com alunos com deficiência, seja por falta de formação específica, seja pela ausência de apoio técnico nas escolas. Além disso, barreiras arquitetônicas e atitudinais limitam a plena inclusão.


Nesse sentido, estratégias como a formação continuada dos profissionais da Educação Física e a parceria com instituições especializadas são fundamentais. Esses centros oferecem suporte técnico, materiais adaptados e orientação pedagógica aos docentes da rede pública, promovendo intervenções mais qualificadas e humanizadas.


Outra estratégia importante é a utilização de metodologias baseadas em valores, como aponta o estudo sobre jiu-jítsu. Atividades físicas que incentivam o trabalho em grupo, o respeito à diversidade e a cooperação tornam-se mais do que exercícios físicos,são ferramentas de formação cidadã.


Propostas Pedagógicas e Boas Práticas


A inserção de práticas inclusivas deve começar ainda na Educação Infantil. É nesse momento que a criança estrutura sua base motora, emocional e social. A psicomotricidade surge como metodologia potente para trabalhar o corpo de forma integrada, favorecendo o desenvolvimento de crianças com e sem deficiência (Rezende et al., 2014).


Além disso, o ensino do esporte adaptado deve fazer parte do currículo de forma transversal. Como demonstram os estudos sobre voleibol sentado e jiu-jítsu adaptado, essas práticas contribuem não apenas para o desenvolvimento físico, mas também para o fortalecimento de vínculos e da autoestima.


Espaços Ativos para Crianças: Na Comunidade e Institutos


Um exemplo de iniciativa que merece reconhecimento, é o Projeto Jiu-Jitsu Inclusivo idealizado por Emerson Mendes, professor de Jiu-Jitsu na comunidade Parque da Cidade, onde mora. Ao longo do tempo, Emerson notou que a procura de pais atípicos crescia, porém ele não possuía espaço adequado e nem conhecimento para acolher estas crianças.  “Decidi criar um programa onde pudesse proporcionar equidade, foi então que surgiu a ideia de me especializar e criar um projeto de Jiu-Jitsu Inclusivo, voltado especialmente para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)” - Emerson Mendes. O objetivo principal foi promover a inclusão, o desenvolvimento pessoal e o bem-estar por meio da prática do esporte. O projeto é adaptado com base na Análise do Comportamento Aplicado, ABA “Applied Behaviour Analysis”. Uma aula experimental e avaliação individual é realizada para adaptar as aulas à necessidade da criança e, de acordo com a evolução de cada um, as aulas passam a ser em duplas. Desta forma, o professor de Jiu-Jitsu busca levar mais qualidade de vida promovendo maior autonomia para os alunos do projeto. 

Na educação formal, existem espaços especializados voltados para o desenvolvimento de crianças atípicas no Rio de Janeiro. Instituições como o Instituto Helena Antipoff (IHA) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) demonstram como o envolvimento de diferentes setores pode promover o desenvolvimento integral da infância.

O Instituto Helena Antipoff é um estabelecimento público de ensino especializado em Educação Especial, conectado à Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Localizado no bairro do Maracanã, é centro de referência em Educação Especial no Brasil, que desenvolve projetos voltados à psicomotricidade e inclusão educacional, fortalecendo o vínculo entre corpo, mente e aprendizagem. 

Já o INES, fica localizado no bairro das Laranjeiras e é referência nacional na educação de surdos, atuando com práticas pedagógicas adaptadas e ações comunitárias que incentivam a participação ativa das crianças em ambientes escolares acessíveis e estimulantes. Essas experiências mostram que, com compromisso e integração, é possível criar ambientes onde toda criança possa crescer, brincar e aprender com dignidade.


Recomendações para a Promoção de Espaços Ativos e Inclusivos


É imprescindível que as políticas públicas assegurem a criação e manutenção de espaços seguros e inclusivos, sobretudo em regiões periféricas, com ações concretas e comprometimento,  garantindo  que todas as crianças tenham acesso pleno ao movimento, ao brincar e ao desenvolvimento integral.

A formação inicial e continuada de professores de Educação Física com foco na inclusão é essencial. Investir na qualificação docente, valorizando a diversidade, reconhecendo as diferentes necessidades dos alunos e promovendo a articulação entre teoria e prática reflexiva, fortalece o educador como agente de transformação social e amplia as possibilidades de atuação pedagógica.

A acessibilidade também deve ser garantida por meio da criação de ambientes adequados e da disponibilização de materiais adaptados. Rampas, pisos apropriados, bolas sonoras, arcos maiores e outros recursos tornam o espaço mais democrático e propício à participação de todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou cognitivas.

Além disso, o envolvimento de toda a comunidade escolar é fundamental para a construção de uma cultura de acolhimento. A inclusão precisa ultrapassar os limites da sala de aula e alcançar todos os setores da instituição: da gestão aos funcionários, das famílias aos colegas de turma. Quando o compromisso coletivo com o respeito e a empatia se torna uma prática cotidiana, o ambiente educacional se torna mais justo, afetuoso e transformador.

Por fim, o planejamento pedagógico deve assumir a diversidade como ponto de partida, e não como exceção. Currículos flexíveis, criativos e sensíveis às múltiplas formas de aprender, brincar e se expressar corporalmente são capazes de transformar a diferença em potência educativa, pois quando todas as crianças têm espaço para se mover, todas têm a chance de avançar juntas, sem deixar ninguém para trás.


Considerações Finais


A atividade física desempenha um papel essencial e multifuncional no desenvolvimento infantil, gerando impactos que vão além do corpo e alcançam a mente, as emoções e os vínculos sociais. É muito importante que famílias, educadores e gestores reconheçam a prática de atividades físicas como um direito básico e inegociável de toda criança. 

Mais do que uma proposta pedagógica, a atividade física inclusiva representa um compromisso com a equidade. Quando todas as crianças, com ou sem deficiência, têm acesso a experiências corporais significativas, é oferecido muito mais do que movimento: abrem-se caminhos para a autonomia, o afeto, a cooperação e o sentimento de pertencimento.

Incluir na Educação Física é um gesto político e profundamente formativo. Significa criar condições reais para que cada criança se desenvolva em um ambiente acolhedor, estimulante e respeitoso. Significa, também, tornar a diversidade uma presença constante e natural no cotidiano, transformando o espaço em um lugar de convivência genuína e de aprendizado mútuo.

A transformação começa pela escola. E a escola começa pelo movimento. No passo, no toque, no jogo, na dança,  é nesse ritmo que nasce a infância ativa, inclusiva e mais justa que todos desejamos. Promover uma infância ativa é, portanto, investir na construção de uma sociedade mais saudável, equilibrada e justa.



Referências Bibliográficas


CAMARGOS, Maria Eduarda Vando. A importância da atividade física no desenvolvimento motor. Revista Intercursos, 2023.


CASTRO, Mariana Oliveira Rabelo de. Educação Física: prática inclusiva de alunos com deficiência física em escolas regulares municipais no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Ciências do Exercício e do Esporte) – UERJ, 2019.


LEITÃO, L. M. S. et al. A prática pedagógica do jiu-jítsu para crianças com autismo: uma perspectiva de ensino baseada em valores. Revista Mosaico, 2024.

LIMA, R. J. F. M. et al. O ensino do voleibol sentado nas aulas de Educação Física: uma revisão sistemática. Revista Educere – UNIPAR, 2023.


REZENDE, Leonardo M. T. et al. Importância do trabalho psicomotor em aulas de Educação Física para pessoas com deficiência. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, 2014.


G1. Crianças neurodivergentes se desenvolvem com atividade física funcional: entenda. 28 out. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/especial-publicitario/espaco-neurohabilitar/noticia/2024/10/28/criancas-neurodivergentes-se-desenvolvem-com-atividade-fisica-funcional-entenda.ghtml. Acesso em: 11 jun. 2025.

Instituto Helena Antipoff (IHA). Disponível em: https://ihainforma.wordpress.com/. Acesso em: 30 jul. 2025.

Instituto Helena Antipoff (IHA). Perfil no Instagram: https://www.instagram.com/iha_rio/. Acesso em: 30 jul. 2025.

Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Disponível em: https://www.gov.br/ines/pt-br. Acesso em: 30 jul. 2025.

Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Perfil no Instagram: https://www.instagram.com/ines_rj/. Acesso em: 30 jul. 2025.



 
 
 

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